sexta-feira, 28 de outubro de 2011

O Espírito de Assis faz morada no Convento São Francisco

Por Moacir Beggo
O Ato Inter-religioso realizado neste 27 de outubro de 2011, no centenário Convento São Francisco, em São Paulo, mostrou com todas as letras que o encontro realizado em Assis, há 25 anos, deixou uma cultura de paz para a humanidade. Ver o presbitério da igreja do Convento tomado por treze lideranças das mais diferentes crenças, religiões e fé foi emocionante. Ao som do trompete do músico José Eduardo Pimentel, o Duda, teve início a procissão das lideranças presentes neste ato.
Com a saudação franciscana de "Paz e Bem", o guardião do Convento, Frei Salésio Hillesheim, que representou o Ministro Provincial Frei Fidêncio Vanboemmel, acolheu a todos, lembrando que o momento era muito mais do que histórico. "É um momento humano. A paz e a justiça não são questões meramente religiosas, mas são da nossa sobrevivência neste nosso mundo e nosso planeta", disse Frei Salésio.
Enquanto em Assis, o Papa Bento XVI renovava o compromisso pela paz, reunindo líderes mundiais, o Definidor da Província da Imaculada Conceição, Frei Mário Tagliari, dava início à celebração no Convento São Francisco, apresentando cada representante das religiões presente no altar: Márcio Henrique de Souza Ramos, representante Curimba Filhos de Umbanda, uma associação dentro da Umbanda; Afonso Moreira Junior, representando a Federação Espírita do Estado de São Paulo; Reverendo Kazuya Nagashima, budista Risho Kossei-Kai do Brasil; Gustavo Pinto, budista da Terra Pura; Monja Coen Sensei é missionária oficial da tradição Soto Shu - Zen Budismo; Shaikh Ahmad Mazloum, da Liga da Juventude Islâmica no Brasil; Sheikh Mohamad Al Bukai, da Liga da Juventude Islâmica do Brasil; Rabino Ruben Sternschein, Congregação Israelita Paulista; Pastor Matthias Tolsdorf, da Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil; Reverendo Herbert Rodrigues de Souza, pastor da Igreja Presbiteriana Independente do Brasil;João Kaimbé, representante do povo Kaimbé de São Paulo; Reverendo Leandro Antunes Campos, da Igreja Episcopal Anglicana do Brasil; e Dom Edmar Peron, bispo auxiliar da Arquidiocese de São Paulo e vigário episcopal da Região de Belém.
Em seguida, teve início os pronunciamentos, sempre intercalados com as belíssimas apresentações musicais das crianças que formam o Grupo Flautista da Liberdade, do Centro Comunitário de Acolhimento da Liberdade, dirigido pela Irmã Miriam Simon, franciscana de Ingolstadt.
Acompanhe os principais trechos dos pronunciamentos:
Márcio Henrique de Souza Ramos, representante Curimba Filhos de Umbanda
Márcio Henrique de Souza Ramos, representante Curimba Filhos de Umbanda
"Se estamos aqui reunidos, temos de buscar essa paz dentro da gente. Ninguém dá o que não tem. Se não estivermos em paz, o que poderemos dar então? Temos que buscar essa paz dentro de nós mesmos. Gandhi já falava 'nós temos que ser a mudança que queremos ver no mundo'. Sou professor. Trabalhei de manhã, cheguei suado aqui, como é próprio de nossa vida atribulada. Mas o mais gratificante para mim é estar com todos aqui, ou quase todas as representações religiosas, porque eu respeito a todas por igual, porque somos a somatória de todas. E o que mais me gratifica é ver as crianças aqui nos bancos da frente. A verdadeira paz vai estar nas mãos delas. E se a gente não souber cultivar essa paz nas mãos dessas crianças, não teremos futuro. Graças a Deus esse futuro está sentado aqui na frente. Um grande axé para todos os presentes!"
Afonso Moreira Junior, representante
da Federação Espírita do
Estado de São Paulo
Afonso Moreira Junior, representante da Federação Espírita do Estado de São Paulo
"Em primeiro lugar, queria agradecer a Igreja Católica que nos acolhe com tanto carinho, com tanto respeito. E a nós, religiosos, através de várias vertentes aqui presentes. E tenham certeza: essa união não é apenas na aparência, mas na sua essência. Pois todos estão aqui irmanados pelo mesmo propósito: trazer a sua modesta contribuição para que a paz se instale na terra. No "Livro dos Espíritos", de Alan Kardec, encontramos Jesus Cristo, o Messias, como nosso modelo e guia. Se houve na Terra alguém que seguiu seus passos de perto, despojando-se de tudo, vencendo o amor próprio, deixando tudo para trás, esse alguém foi certamente o Pobrezinho da Úmbria: Francisco de Assis, que reverenciamos nesta parte, não com o intuito de adoração, pois adoramos a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a nós mesmos, mas colocamos o Pobrezinho de Assis, nosso irmão querido, como modelo, exemplo, próximo de nós. Que possamos no nosso dia a dia, no nosso local de trabalho, pelas ruas da cidade, levarmos a paz estampada em nossa face. Que sejamos, nesta casa de Deus, um pouquinho de luz, transmitindo onde quer que estejamos a paz dos nossos corações, a partir é claro de nossos próprios lares. Muita paz!"
Reverendo Kazuya Nagashima, budista Risho Kossei-Kai do Brasil
Reverendo Kazuya Nagashima,
budista Risho Kossei-Kai do Brasil

Na ocasião do grande terremoto que abadou o nordeste do Japão, nós recebemos muito apoio, tanto físico como espiritual, dos católicos e só temos de agradecer profundamente. O terremoto, seguido do tsunami, acrescido do acidente nuclear, deixou marcas profundas nas regiões atingidas, mas ao mesmo tempo se observa que tem aumentado o número de pessoas que querem servir ao próximo, apesar de eles próprios se encontrarem em meio às dificuldades. Tem surgido pessoas que procuram uma nova maneira de viver. A missão dos religiosos deve ser de acreditar nessa luz que se aloja no profundo dessas almas, apoiar essas pessoas e poder guiá-las. Acrescento que as palavras de São Francisco de Assis, na Oração pela Paz, novamente vibraram no coração antes de querer ser consolado que eu console, antes de querer ser compreendido, que compreenda; antes de querer ser amado, que ame; que conceda o poder de fazer isso.

A propósito, qual será o conteúdo da oração pela paz? Nós compreendemos que a oração leva à ação, mas não quero que haja equívocos. A ação dos religiosos não é chamar uma ação que recorra à força. Acredito que ação dos religiosos é sentir Deus e Buda no profundo da alma das pessoas. Ajudar a colocar para fora a luz que se aloja no profundo da alma de todas as pessoas. Em outras palavras, é criar pessoas de paz. Um a um com cuidado e com respeito.

Acredito que a paz individual leva à paz no lar; a paz no lar leva a paz na sociedade; por sua vez a paz na sociedade leva a paz no país e a paz no país leva a paz ao mundo. Mesmo que esse caminho seja longo. Quero aproveitar a oportunidade de fazer mais uma vez, como religioso que sou, a promessa de ir criando pessoas de paz!"
Gustavo Pinto, budista da Terra Pura
Gustavo Pinto, budista da Terra Pura.
"Quero, em primeiro lugar, agradecer ao convite de nossos irmãos católicos que nos estenderam a mão para que estivéssemos todos aqui, reunidos, para o nosso testemunho de paz. Pertencemos a famílias diferentes, mas estamos unidos como irmãos. Os irmãos não são idênticos. Cada um tem a sua identidade. Mas são todos filhos do mesmo pai. E essa luz infinita, que abençoa igualmente a todos nós, independente de credo, de cor, de raça. É essa luz, que abrindo os nossos corações, poderemos no amor, reconhecer que recebemos a paz do céu, para podermos compartilhá-la na terra. Recordo as palavras de Santo Agostinho: "Ama e faze o que quiseres". Se o amor guiar os nossos corações, haverá paz em toda parte. Amar é construir a paz!"
Monja Coen Sensei é missionária oficial da tradição Soto Shu
Monja Coen Sensei é missionária oficial da tradição Soto Shu Zen Budismo com sede no Japão e é a Primaz Fundadora da Comunidade Zen Budista, criada em 2001, com sede em Pacaembu.
"Nós estamos aqui, juntos, porque acreditamos na construção de uma cultura de paz. Nós vimos de uma cultura de violência. Futebol, paz no futebol; paz no esporte; paz na vida, na casa. Você briga com sua filha, com sua sogra? Como que fala com seus filhos, com seus vizinhos? A paz não é uma ausência da guerra. É uma coisa que se cultiva no coração. Um coração que reconhece o outro com um aspecto de mim mesmo. É o nós que se manifesta. Não é o eu separado. Não há uma misericórdia separada, de cima para baixo, dentro da visão budista. Mas somos um só corpo e uma só vida com tudo que existe. Irmão Sol Irmã Lua, irmãos com toda grande natureza. Porque agora, se nós não nos unirmos e não trabalharmos juntos, não haverá condição de vida amanhã no planeta. E nós gostamos de viver, não gostamos? Não é boa a vida humana, com seus altos e baixos? Nascimento, velhice, doença e morte? Que bom! Quem é nesta vida que não vai envelhecer? É gostoso envelhecer. O cabelinho fica branco, fica mais difícil as coisas, mas o coração fica mais terno, mais macio, como o fruto que banhado pelo sol quente da sabedoria suprema amadurece o doce e agradável de ser colhido. Esse o coração. Não é o outro e eu. Mas o nós, juntos, construindo, nunca batalhando, nunca lutando, mas construindo uma cultura de paz, de justiça e cura na terra. Como disse Dalai Lama, aqui em São Paulo, não somos nós que vamos dar respostas mas fazemos perguntas. Espero que todos nós, juntos possamos fazer hoje o compromisso de cultivarmos no coração a cultura da paz".
Shaikh Ahmad Mazloum, da Liga da Juventude Islâmica no Brasil, com sede no Pari.
Sheikh Mohamad Al Bukai, da Liga da Juventude Islâmica do Brasil
Shaikh Ahmad Mazloum, da Liga da Juventude Islâmica no Brasil, com sede no Pari.
"Pedimos a paz de Deus e bênção para todos aqueles que enviou como misericórdia para toda a humanidade. Enviou a Noé, a Abraão, a Moisés, a Jesus e a Mohamad. O mulçumano quando fala de paz tem como fonte o livro no qual ele crê. Vocês não devem conhecer muito, mas o muçulmano crê que Deus revelou à humanidade diversas mensagens no decorrer da história, cada qual no seu tempo, na sua época. O muçulmano respeita o Evangelho e, como respeita o Evangelho, crê em outro livro posterior, que é o Alcorão. E Alcorão foi revelado a Mohamad, assim como o Evangelho foi revelado a Jesus. Então, que mensagens de paz nós temos nesses livros? A misericórdia é representada com a paz que cultivamos entre nós. E aí a mensagem, quando estabelecida para o ser humano, é para o bem dele. E uma diretriz básica da paz para o mulçumano, é esta: 'Deus disse ao Profeta, ao Mensageiro: não te enviamos senão como misericórdia para a humanidade'. Não te enviamos para a guerra, para amedrontar as pessoas, mas sim para cultivar a paz. Nós, todos aqui, temos crenças diferentes, e exatamente por isso estamos reunidos aqui a convite das entidades católicas e agradecemos a eles por essa iniciativa. Lembramos hoje a Francisco de Assis, que abandonou o reino dessa vida para o reino da vida eterna, para buscar a paz para os pobres, os menos favorecidos. Então, devemos lembrar dele. Devemos lembrar o que significa estarmos reunidos aqui. Se acredito de forma diferente do meu irmão, que segue outra fé, crença ou religião, a minha fé me ordena que eu cultive a paz, que eu busque entender qual é a crença dele e dialogar com ele. A paz, como já disseram aqui, não é só não guerrear, mas significa ter o dom de dialogar, de conversar, de abrir os corações, seguindo assim aquilo que é diretriz: não te enviamos senão por misericórdia à humanidade. Mohamad foi enviado como misericórdia, Jesus foi enviado como misericórdia, Moisés é outra misericórdia. Parece que o ser humano precisa renovar essa misericórdia sempre. Por isso, milhares foram enviados para isso. Então, desejo que a paz de Deus esteja com todos aqui presentes, com todas as pessoas que buscam incentivar a paz para os seres humanos, sejam eles pessoas que buscam a paz ou sejam eles diferentes, que têm ideias e crenças diferentes, aqueles que ainda não buscam essa paz e tolerância. Que Deus coloque em seus corações a paz e a tolerância, a misericórdia que o Evangelho e o Alcorão falam. A paz esteja convosco!
Sheikh Mohamad Al Bukai, da Liga da Juventude Islâmica do Brasil
Eu saúdo todos vocês em com nossa saudação: Salamaleque: que a paz de Deus esteja com vocês!
Rabino Ruben Sternschein, Congregação Israelita Paulista
Rabino Ruben Sternschein, Congregação Israelita Paulista
"Saúdo a todos vocês com nosso tradicional ‘Shalom’. Normalmente ouvimos que a paz precisa de concessões, de renúncias. Mas em hebraico, a língua da tradição religiosa que represento, diz-se 'shalom', que significa algo completo, pleno. No passado e hoje, pergunta-se "como está a sua paz?". Qual é o estado de sua paz? Porque acreditamos que o estado natural para a paz muitas vezes se altera e é responsabilidade de todos devolvê-la. Por isso, o salmo 34, que dividimos com a tradição cristã e com todos que compartilham a Bíblia, diz que aquele que ama a vida e ama o bem é aquele que persegue a paz. Não só adere, quer a paz. Mas persegue a paz e a busca todos os dias. A paz, irmãos e irmãs, é algo que deve ser feito não apenas com o próximo, mas também com o distante, com quem está afastado. Com o diferente. Por isso, o profeta diz: "Paz, paz, para o distante, para o próximo". Esse é o grande desejo. Nós acreditamos que a divindade, qualquer divindade, é paz, harmonia, plenitude. Por isso, em nossas frases, acabamos sempre com uma frase que chama a Deus, aquele que faz a paz nas alturas. Ou seja, aquele que faz a paz no alto. E pedimos que faça a paz aqui embaixo. Eu proponho hoje, no Espírito de Assis, no nosso diálogo fraterno, termos a coragem de invertermos os termos: em vez de invocarmos Deus para que faça paz nas alturas, pedirmos faça paz aqui embaixo".
Pastor Matthias Tolsdorf, da
Igreja Evangélica de Confissão
Luterana no Brasil
Pastor Matthias Tolsdorf, da Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil
"Um sou um pastor alemão, mas não mordo (risos)... Refletir sobre a paz, estando inserido nesta cidade de São Paulo, em que nós somos marcados pela ansiedade por uma paz, pela preocupação com a segurança pública, com a nossa integridade física, talvez por isso, o tema escolhido por minha igreja para reflexão de todas as comunidades luteranas: "Paz na criação de Deus". A paz é um presente de Deus, que na nossa compreensão temos que tornar concreto. É uma promessa de Deus que temos de tornar visível e palpável no nosso cotidiano. Quando eu visito famílias, que pertencem a nossa comunidade, percebo uma falta de paz justamente ligada a divergências religiosas. Muitas vezes até disputa religiosa, para não chamar uma batalha, dentro de uma mesma família, impossibilitando a convivência entre as pessoas. Fico sempre muito triste quando vejo isso. E por isso todos vocês, que demonstram interesse pela paz, deveriam sair daqui como formadores de opinião, com o compromisso de se engajarem pela paz no meio onde vivem. É trabalho árduo, mas recompensador".
Reverendo Herbert Rodrigues de Souza, pastor da Igreja Presbiteriana Independente do Brasil.
Reverendo Herbert Rodrigues de Souza, pastor da Igreja Presbiteriana Independente do Brasil.
"Quando se pensa sobre a paz, acho que devemos ir um pouco além de discursos. A fala é importante, mas a fala só toca o nosso intelecto e é preciso tocar principalmente o nosso coração. E já que o tema é para uma cultura de paz, quando se fala de uma cultura, vamos além de pensamentos, mas estamos pensando também em ações, sistemas, modo de vida, modo de visão. Lembro de uma expressão que está no Evangelho: aquilo que não gostaria que fizessem com você, não faça com os outros. Quando se pensa a paz nessa perspectiva, vamos além de pensamentos. Vamos além de falas e discursos. Assim começamos a promover a paz, não só através de gestos, mas de ações concretas. Por isso, precisamos pensar a paz também em outra perspectiva: quando se trata daquele que é diferente de nós. Já que queremos falar de paz em todos os âmbitos, onde começa a intolerância dentro de nós? Como é que vejo aquele que é diferente na cor da pele? Como é que encaro aquele que tem a orientação sexual diferente da minha? Como é aquele que torce para o outro time? Se queremos promover a paz, precisamos pensar nessas perspectivas, pensar nessas pequenas coisas que fazem parte do nosso dia a dia. E quando, então, nos propomos a viver a paz, vamos diminuir o grau de intolerância, vamos nos abrir uns aos outros. A paz esteja conosco!"
João Kaimbé, representante do
povo Kaimbé de São Paulo
João Kaimbé, representante do povo Kaimbé de São Paulo
"Os índios hoje no Brasil não têm paz. Por isso, me sinto muito honrado de estar aqui com vocês. Aqui em São Paulo há oito mil índios, que sofrem discriminação de todo o tipo. Por isso deixo aqui o meu protesto e vou passar para os meus parentes buscarem a paz".
Reverendo Leandro Antunes Campos, da Igreja Episcopal Anglicana do Brasil e participo do Diálogo Inter-religioso das Igreja Católica Romana e Anglicana.
Reverendo Leandro Antunes Campos, da Igreja Episcopal Anglicana do Brasil e participo do Diálogo Inter-religioso das Igreja Católica Romana e Anglicana.
"O caminho da paz é a gente que faz'. Ao meditar sobre essa frase e torná-la oração, me veio à mente a passagem de São Paulo aos Coríntios, quando fala que vai ensinar um caminho que é o mais excelente de todos os caminhos. E começa aquele hino ao amor. É importante refletir sobre o amor. O próprio apóstolo João fala que Deus é amor. E se sabemos viver plenamente o amor, então posso dizer que Deus está em você, porque Deus é amor. Essa é uma grande afirmação de fé. E, com coragem, respondemos a essa afirmação quando deixamos o amor de Deus habitar em nós e transformar radicalmente as nossas vidas e as nossas relações, sejam elas pessoais ou políticos. É preciso deixar se transformar pelo amor de Deus. O amor não se alegra com a injustiça. O amor folga em alegria com quem é justo, com quem fala a verdade, com quem vive a paz".
Dom Edmar Peron, bispo auxiliar da Arquidiocese de São Paulo e vigário episcopal da Região de Belém
Dom Edmar Peron, bispo auxiliar da Arquidiocese de São Paulo e vigário episcopal da Região de Belém
"Caros representantes das famílias religiosas e da comunidade franciscana que nos acolhe. Queridos irmãos e irmãs, com a palavra do apóstolo Paulo saúdo a todos: que a graça e a paz de Deus estejam com vocês!.

Nosso encontro é profecia e não se restringe ao nosso grupo reunido, mas se alarga pelo mundo inteiro. Colocam-se como 'Peregrinos da verdade, peregrinos da paz'. Trago a vocês também as saudações de Dom Odilo Pedro Scherer, cardeal arcebispo de São Paulo, que não podendo estar aqui, pediu que viesse a esse encontro, que é profecia da comunhão entre nossos irmãos e irmãs. O 'Creio' dos cristãos professa ser Deus o Pai, o Criador de tudo que vemos e daquilo que não enxergamos. Essa fé encontra suas raízes já na experiência do povo de Israel e, no entanto, tu és o nosso Pai. Nós somos a argila, e tu o nosso leito. Todos nós somos obras de tuas mãos. Assim, a fraternidade que reina entre nós, membros de diferentes confissões religiosas, profetizam ao mundo que somos filhos e irmãos. Somos todos uma família. Nosso encontro é profecia daquele mundo novo em que a paz insiste em renascer a cada dia sob o sol da esperança, que faz o povo das ruas sorrir e a roseira florir, como diz o canto. Esse mundo novo construído de pequenos gestos em favor da vida, manifestado na indignação dos jovens, nos gestos de cuidado para com o morador de rua, para com uma criança, um idoso, na nascente manifestação contra a corrupção que vimos no dia 12 de outubro ou na acolhida de quem chega a São Paulo procurando melhores condições para viver. Enfim, os sonhos e as realidades nos conduzem, e devem ainda mais conduzir a ações criativas e concretas. Aquelas que já são cotidianamente realizadas e muitas outras novas iniciativas que poderão ainda surgir. É preciso sonhar, para realizar esses gestos de fraternidade, de justiça e, portanto, de paz. A paz esteja com vocês!"
Fonte - Site da Provincia Franciscana da Imaculada Conceição do Brasil

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