A revista “Veja” de 10 de outubro de 2012 publicou entrevista com o psiquiatra americano Harold G. Koenig. O médico afirma que as diferentes formas de religiosidade podem ser relacionadas com a prevenção de doenças cardiovasculares e hipertensão. A “espiritualidade” ajuda o ser humano a ter saúde.Leigos, religiosos e sacerdotes temos a ver com a realidade da doença grave e da iminência da morte. Esse momento da passagem, precedido por uma enfermidade mais ou menos longa é sempre delicado. Vemos hoje, nas congregações religiosas, tanto masculinas como femininas, casas que são preparadas com recursos para abrigar doentes gravemente doentes e pessoas muito envelhecidas. A religião, de modo particular a fé cristã, não é terapia individual ou grupal. Os seguidores das religiões querem, antes de tudo, prestar um delicado culto de homenagem Deus de toda beleza e de toda generosidade. Ao lado do “amarás o Senhor de todo o teu coração, de toda a tua mente e de toda tua alma e ao próximo como a ti mesmo”, Harold G. Koenig afirma, no entanto, que há uma relação significativa entre frequência da prática religiosa, boa saúde e longevidade.
Três fatores influenciam a saúde de quem pratica a religião. O primeiro deles é o significado que essas crenças atribuem à vida. Elas orientam decisões diárias, o que contribui para evitar o stress. O segundo fator está ligado ao apoio social. As pessoas convivem com comunidades que acreditam nas mesmas verdades e oferecem suporte emocional e, por vezes, mesmo financeiro. O terceiro elemento é a influência que a religião tem na formação de hábitos saudáveis. Os religiosos tendem a ingerir menos álcool e quase sempre têm tendência a não fumar. Bem provavelmente não assumirão comportamento sexual de risco. Não manterão relações com vários parceiros. Tudo isso faz com que vivam mais, tenham mais saúde.Segundo Koenig, uma pessoa que, desde a infância e adolescência, pratica uma fé tem grandes benefícios. Perguntado a respeito dos efeitos positivos em alguém que começa a prática a fé em idade adulta, respondeu: “Quem se torna religioso numa idade mais madura também se beneficia, especialmente dos aspectos psicológicos e sociais, a pessoa ganha apoio da comunidade, esperança e interlocutores afinados com seu jeito de ver o mundo. A consequência é a melhora da qualidade de vida”.
Não se trata apenas de se dizer “espiritualizado” e não fazer nada. É preciso ser comprometido com a religião para gozar seus benefícios: levantar cedo para ir ao culto, fazer parte de uma comunidade, interessar-se pelos outros, cultivar a interioridade (leitura das Escrituras). “As crenças religiosas precisam influenciar sua vida (a do crente) para que elas influenciem também sua saúde”.
Os que seriamente praticam uma crença, segundo estatísticas mencionadas na entrevista, sofrem menos de stress, de disfunções cardiovasculares e hipertensão. “O stress influencia as funções fisiológicas de maneira já muito conhecida e tem impacto em três sistemas ligados à defesa do organismo: o imunológico, o endócrino e o cardiovascular. Se esses sistemas não funcionam, ficamos doentes. A religiosidade põe o paciente num outro patamar de tratamento”. Observação curiosa do psiquiatra americano: “Pacientes infartados que são religiosos têm menos complicações após a cirurgia, ficam menos tempo internados e, claro, pagam contas hospitalares mais baixas”.
Observação interessante que aparece na entrevista: parece que os doentes, segundo estatísticas, gostariam que os médicos falassem das coisas espirituais, da religião. Há médicos que conseguem fazê-lo com habilidade, respeitando a religião do outro. Os médicos podem facilitar o acesso de um sacerdote ou pastor, se o paciente quiser, e isso colocará este último num universo de maior serenidade interior. Há médicos que se recusam a fazer tais propostas. Dizem que uma coisa é a medicina, rígida em seus princípios e outra a religião que lhes parece muito vaga. A entrevistadora colocou a seguinte pergunta: “Como o médico deve falar de religião com o paciente?” E Koenig: “É mais simples do que parece. Só de perguntar ao paciente quanto a religião é importante na vida dele, o médico está abrindo o caminho para atender suas necessidades espirituais. O paciente deve sentir-se confortável falando sobre esse assunto com o médico. O médico pode, naquele momento mais especial, tentar saber das decisões que um paciente terminal espera dele em situações-limite. Pode descobrir se o paciente terminal quer ser ressuscitado em caso de parada cardíaca, se deseja receber tratamento extenuante prolongado ou se prefere não estender o sofrimento. Ajuda muito o médico puxar o assunto com o paciente sobre o que ele pensa a respeito de milagres ou se quer receber orações. O paciente tem de estar seguro de que o médico não vai ignorar ou fazer pouco-caso de suas carências espirituais”.
Até que ponto nossa prática da fé tem nos ajudado no campo da saúde?
Fonte - Site Franciscanos.org.br
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