sábado, 5 de novembro de 2011

Papa e líderes mundiais firmam o compromisso pela paz




Assis (RV) - Depois do dilúvio na vigília, o tempo nublado em Assis acolheu Bento XVI e os líderes mundiais das religiõe, ques chegaram juntos a bordo de um trem que partiu esta manhã da Estação Vaticana. O primeiro ato desta Jornada de Reflexão, Diálogo e Oração foi realizado dentro da Basílica de Santa Maria dos Anjos. Essa igreja, aliás, é fundamental para os seguidores de São Francisco, foi construída no século XVI para proteger a Porciúncula, o lugar mais sagrado para os franciscanos, porque ali, entre muitos eventos, São Francisco fundou a Ordem e neste mesmo lugar morreu em outubro de 1226.
Bento XVI e os mais de 200 representantes das religiões mundiais, vindos de 50 países (do Brasil, participa o Prefeito da Congregação para os Institutos de Vida Consagrada e as Sociedades de Vida Apostólica, Dom João Braz de Aviz), ouviram o testemunho de 10 personalidades. Destacaram-se o Patriarca Ecumênico de Constantinopla, Bartolomeu I, que em seu discurso citou as “primaveras árabes”, que não colocaram fim às tensões intercomunitárias, nas quais o papel das religiões permanece ambíguo. E a professora Julia Kristeva, representando os ateus e a única mulher a discursar, que propôs uma reflexão resgatando a importância da maternidade para um plena ética humanística.
No início deste ato, foi projetado um comovente vídeo para recordar o encontro de 1986, convocado por João Paulo II, e como o mundo mudou desde então.
A propósito, é impossível falar da Jornada desta quinta-feira sem citar o Papa Wojtyla, que, ao convocar o primeiro encontro 25 anos atrás, teve uma das maiores intuições do seu pontificado.
Na ocasião, o Beato recordou que a paz vai muito além dos esforços humanos: esta é a razão pela qual cada um de nós reza pela paz. A oração é por si só ação, mas não nos exime das ações a serviço da paz. Em Assis, disse João Paulo II, estamos agindo como arautos da consciência moral da humanidade, recordando que a paz é um canteiro aberto a todos, não somente aos especialistas e aos sábios.
Enquanto João Paulo II insistia sobre a qualidade transcendente da paz no diálogo inter-religioso, Bento XVI insiste na relação entre a fé e a razão humana. Crer em Deus, afirma o Pontífice, longe de prejudicar a nossa capacidade de nos compreendermos a nós mesmos e ao mundo, dilata essa mesma capacidade. Longe de nos colocar contra o mundo, nos empenha a favor dele. Assim uma religião genuína alarga o horizonte da compreensão humana e está na base de toda a cultura humana autêntica. Rejeita todas as formas de violência e de totalitarismo: não só por princípios de fé, mas também com base na reta razão.
Com a mensagem de Bento XVI (veja à parte) se concluiu a parte mais intelectual desta Jornada. À tarde, houve o momento espiritual, na parte alta da cidade, na Praça S. Francisco, com a renovação solene do Compromisso pela Paz, o momento de silêncio e a saudação de paz entre os delegados.
“Continuaremos unidos nesta viagem, no diálogo, na construção cotidiana da paz e no nosso compromisso por um mundo melhor.” Palavras de Bento XVI ao concluir na tarde desta quinta-feira a Jornada de Reflexão, Diálogo e Oração, em Assis.

No ato conclusivo desta Jornada, os representantes das religiões mundiais renovaram, juntos, o compromisso pela paz. Juntos, cada um vestido com suas roupas tradicionais, deram cor a um dia cinzento aqui em Assis, onde somente no final um tímido sol apareceu. Um após o outro, os líderes se comprometem a jamais se resignar às guerras e a respeitar a Regra de ouro: "Faça ao outro o que gostaria que fosse feito a você". Bento XVI repetiu exatamente o apelo feito por João Paulo II, no encontro de 25 anos atrás: "Nunca mais a violência! Nunca mais a guerra! Nunca mais o terrorismo!".
"O evento de hoje é uma imagem de como a dimensão espiritual é um elemento chave na construção da paz", disse ainda o Papa. "De coração agradeço a todos vocês aqui presentes por terem aceito o meu convite a vir a Assis como peregrinos da verdade e da paz e saúdo cada um de vocês com as palavras de São Francisco: 'O Senhor lhe dê a paz'", acrescentou.
Depois da conclusão do Santo Padre, seguiu um momento de silêncio, após o qual alguns jovens entregaram aos participantes uma lâmpada, a luz de S. Francisco. Houve a troca de uma saudação de paz e, durante o canto final, Bento XVI e os chefes das delegações entraram na Basílica inferior de S. Francisco, para visitar, em silêncio, o túmulo do Santo.
E assim se concluiu esta histórica Jornada, a primeira liderada por Bento XVI. Jornada marcada por momentos emocionantes, como foi a projeção de um vídeo para recordar o encontro de 1986, antes dos testemunhos na Basílica de Santa Maria dos Anjos.
Ao final da tarde, Bento XVI e os chefes das delegações foram até a estação ferroviária da cidade, de onde regressam a Roma a bordo do mesmo trem que os trouxe a Assis. Nesta sexta-feira, eles serão recebidos pelo Pontifíce na Sala Paulo VI, no Vaticano.
Texto da Rádio Vaticano, Bianca Fraccalvieri.

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